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TDAH

TDAH

O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um transtorno comportamental, caracterizado por sintomas de desatenção, impulsividade e hiperatividade.

Estudos nacionais e internacionais situam a prevalência do TDAH entre 3% e 6%, o que significa que, na média, há uma ou duas crianças com TDAH em cada sala de aula.

Como a doença muitas vezes pode resultar em comportamento conturbador em sala de aula, o TDAH é identificado frequentemente pela primeira vez na escola.

Antigamente era conhecido como “Disfunção Cerebral Mínima“, e mais tarde passou a chamar-se “Síndrome Infantil da Hiperatividade“. Só nos anos 70, com o reconhecimento da ausência de controle de impulsos e do componente do deficit de atenção, passou então a ter a denominação a qual perdura até os dias de hoje.

Ao contrário do que se pensava, o TDAH não é superado na adolescência. Os sintomas, em alguns casos parecem ser minimizados nesta fase pelo fato de algumas pessoas desenvolverem estratégias para lidar com essa condição, e dessa maneira acabam por atenuar os sintomas. Porém cerca de 65% das crianças diagnosticadas como portadoras do Transtorno, continuam com os sintomas ao atingirem a idade adulta.

Apesar de não haver exames de imagem que comprovem a existência do Transtorno, é consenso da comunidade científica a existência do mesmo.

Estudos apontam a predisposição genética e a ocorrência de alterações nos neurotransmissores (dopamina e noradrenalina) que estabelecem as conexões entre os neurônios na região frontal do cérebro como as principais causas do Transtorno do Déficit de Atenção. Algumas pesquisas indicam que fatores ambientais e neurológicos podem estar envolvidos, mas ainda não há consenso sobre o assunto.

Os sintomas do TDAH geram reflexos negativos no convívio social e familiar, assim como no desempenho escolar ou profissional dos portadores do transtorno. Esses sintomas podem manifestar-se em diferentes graus de comprometimento e intensidade.

Quando predomina a desatenção, os pacientes apresentam dificuldade maior de concentração, de organizar atividades, de seguir instruções e podem saltar de uma tarefa inacabada para outra sem nunca terminar aquilo que começaram. São pessoas que se distraem com facilidade e frequentemente esquecem o que tinham para fazer ou onde colocaram seus pertences. Não conseguem também prestar atenção em detalhes, demoram para iniciar as tarefas e cometem erros por absoluto descuido e distração, o que pode prejudicar o processo de aprendizagem e a atuação profissional.

Nos casos em que prevalece a hiperatividade, os portadores do distúrbio são inquietos, agitados e falam muito. Dificilmente conseguem participar de atividades sedentárias e manter silêncio durante as brincadeiras ou realização dos trabalhos. Se é a impulsividade que se destaca os sinais mais marcantes são a impaciência, o agir sem pensar, a dificuldade para ouvir as perguntas até o fim, a precipitação para falar e a intromissão nos assuntos, conversas e atividades alheias.

Na adolescência e na vida adulta, os sintomas de hiperatividade costumam ser menos evidentes, mas as outras dificuldades permanecem inalteradas e os prejuízos se acumulam no dia a dia com reflexos negativos sobre a autoestima.

Diagnóstico

Para efeito de diagnóstico, que é sempre clínico, os sintomas devem se manifestar na infância, entre seis e nove anos de idade, pelo menos em dois ambientes diferentes (casa, escola, lazer, etc.), durante seis meses, no mínimo. Devem também ser responsáveis por desajustes e alterações comportamentais que dificultam o relacionamento e a performance dos portadores nas mais diversas situações. Avaliações precipitadas podem dar origem a falsos positivos que demandam a indicação desnecessária de medicamentos.

Tratamento

O tratamento varia de acordo a existência, ou não, de comorbidades ou de outras doenças associadas. Basicamente, consiste em psicoterapia e na prescrição de metilfenidato, um medicamento psicoestimulante, e de antidepressivos. Crianças podem exigir os cuidados de equipe multidisciplinar, em função dos desajustes pedagógicos e comportamentais associados ao TDAH.

Em geral, os efeitos benéficos da medicação aparecem em poucas semanas e as reações adversas – insônia, falta de apetite, dores abdominais e cefaleia – são leves e ocorrem no início do tratamento, enquanto o organismo não desenvolveu tolerância a essas drogas.

Recomendações

É importante admitir que:

* as falhas de atenção e a hiperatividade de algumas crianças podem não ser características do temperamento e personalidade, nem de má educação, mas sintomas de uma doença que pode ser controlada;

* não é má vontade, mas os portadores do Transtorno realmente têm enorme dificuldade para organizar as atividades do dia a dia, manter horários e planejar o futuro;

* a necessidade de desenvolver algumas técnicas para compensar as dificuldades próprias da TDAH (uso de agenda, lugar fixo para guardar os objetos, lembretes colocados em posições estratégicas e em quadros de avisos, lista de tarefas e dos compromissos diários e semanais) exige muito esforço e disciplina;

* pais e professores devem manter-se informados sobre as características da doença e intervenções que podem ajudar os pacientes a superar suas limitações;

*a psicoterapia pode representar um caminho eficaz para a recuperação da autoestima, quase sempre comprometida pelos sentimentos de fracasso e frustração provenientes das dificuldades de lidar com situações rotineiras.

Sabemos que a maioria dos pais já ouviu falar em TDAH. Mas não devemos esquecer que a maioria deles, quando ouve esse termo lembra, com freqüência, de um menino pequeno e agitado. Dificilmente alguém pensa numa menina.

Isto acontece porque a maior parte dos meninos com TDAH é facilmente identificável, seja na sala de aula, seja no lazer e, com mais freqüência, são levados para uma avaliação. Por outro lado, a maior parte das escalas e questionários de avaliação enfatizam os aspectos da hiperatividade, da impulsividade e do comportamento desafiador, que são fatores típicos dos meninos. Diante disso, apenas as poucas meninas que são parecidas com esses meninos, em termos de comportamento, é que são levadas a alguma avaliação médica ou psicológica.

Com isso, muitas meninas não estão sendo diagnosticadas porque seus sintomas se mostram diferentes. Uma grande diferença é que as meninas são menos rebeldes, menos desafiadoras, em geral menos “difíceis ” que os meninos. Mas “ser menos difícil” em vez de ajudar, acabou só dificultando o reconhecimento do problema.

Quando meninos causam frequentes problemas com a disciplina, em casa ou na escola, rapidamente se procura uma orientação. As meninas, por serem mais cordatas, dificilmente são identificadas. E assim ficam prejudicadas em vários aspectos de suas vidas.

Ainda assim, as meninas com TDAH não são todas iguais. Quando seu comportamento é parecido com o TDAH em meninos, o reconhecimento é mais fácil. Mas mesmo as que são do tipo Misto ou do tipo Predominantemente Hiperativo-Impulsivo, nem sempre são tão parecidas com os meninos. E é aí que elas ficam sem diagnóstico.

“Meninas Levadas” com TDAH

Frequentemente as meninas hiperativas são “levadas“. São fisicamente ativas, com inclinação para atividades mais arriscadas como subir em árvores, exploração e brincar com os irmãos ou com os meninos da vizinhança. Podem gostar de futebol, natação ou andar a cavalo e, na maioria dos casos, são menos atraídas pelas atividades consideradas “femininas“. Mas, diferentemente dos meninos com TDAH, essas meninas são mais cooperativas em casa e podem se esforçar muito para agradar os professores na escola. A caligrafia pode ser ruim, são frequentemente desorganizadas, quase sempre estão atrasadas e seu quarto é uma bagunça. Mas em vez de suspeitarem de TDAH, pais e professores as vêem apenas como indisciplinadas e pouco inclinadas para o estudo.

“Sonhadoras” com TDAH

As meninas com o tipo Predominantemente Desatento são frequentemente sonhadoras e tímidas. Sua desatenção pode passar desapercebida na escola porque elas se esforçam muito para não chamar a atenção sobre si mesmas. Muitas meninas “quietinhas” com TDAH parecem estar ouvindo seus professores, enquanto suas mentes divagam a milhas de distancia dali. Essas meninas sempre parecem ansiosas em relação a escola. Podem ser esquecidas e desorganizadas em relação ao dever de casa e ficam preocupadas quando as datas de entrega de trabalhos se aproximam. Podem ir para o quarto fazer o dever de casa e ficar sentadas sonhando em silencio até que se assustam com alguém entrando. Podem parecer facilmente sobrecarregadas e operar em “marcha lenta“. Algumas são ansiosas ou depressivas e são vistas erradamente como menos inteligentes do que realmente são.

“Faladeiras” com TDAH

Um terceiro tipo é a combinação dos tipos Hiperativo e Desatento. Apesar de terem um nível de atividade muito mais alto que as “sonhadoras“, elas não são necessariamente “levadas“. É comum serem mais faladeiras, mais tagarelas do que propriamente hiperativas. Costumam ser excitáveis e muito emotivas. Quase sempre conversam em sala de aula e tem dificuldade em ficar quietas mesmo quando são disciplinadas quanto ao falar. Às vezes tem dificuldade em narrar um fato, uma história ou contar um filme porque com freqüência esquecem detalhes, voltando a narrativa e confundindo o ouvinte. Ou seja, o discurso é muito confuso porque têm dificuldade em organizar seus pensamentos antes de começar a falar. Apesar disso, podem também exercer papel de líder. Elas são ativas, falantes e gostam de estar por perto, no meio do movimento. Suas amizades podem ser mais dramáticas, repletas de reações exageradas e discussões. Essas meninas podem adotar uma personalidade superficial, fútil, para disfarçar a desorganização e o esquecimento. Na adolescência podem compensar a pobre performance acadêmica tornando-se muito populares e correndo riscos de se viciarem em álcool, cigarros e drogas, como também iniciarem a vida sexual ativa mais cedo.

Meninas muito inteligentes com TDAH

Pode ser mais difícil descobrir quando meninas muito inteligentes têm TDAH. Quanto mais brilhante, mais tardiamente os problemas acadêmicos tendem a aparecer. Muitas meninas com QI  (Coeficiente de Inteligência) acima da média podem manter-se academicamente bem até chegarem ao nível secundário, ou mesmo à faculdade. À medida que a vida escolar se torna mais exigente e complicada nos níveis superiores, seus problemas com a concentração, organização e conclusão tem maiores probabilidades de aparecer.

Portanto, se seu filho, filha, sobrinho, sobrinha ou qualquer outra criança que você mantenha contato e que esteja na faixa etária propicia para o diagnóstico, esteja manifestando sintomas que se assemelham aos citados aqui, procure um Médico Psiquiatra que a encaminhará, caso necessário, à um profissional que trabalhe com o método de Psicoterapia mais adequado ao tratamento da TDAH, na hipótese da doença ter sido devidamente diagnosticada.

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Pânico

A característica essencial da Síndrome ou Transtorno de Pânico é a presença de Ataques de Pânico recorrentes e inesperados, seguidos por pelo menos  um mês de preocupação persistente acerca de ter um outro Ataque; preocupação acerca das possíveis implicações ou consequências dos Ataques; ou uma alteração comportamental significativa relacionada a esses Ataques. As Crises de Pânico são entendidas como intensas, repentinas e inesperadas, provocando sensações de mal estar físico e mental atrelado a um comportamento de fuga do local onde se encontra, seja indo para um pronto socorro, seja buscando ajuda de quem está próximo.

A reação de Pânico se torna uma reação normal quando existe uma situação que favoreça seu surgimento. Portanto, é normal sentir Pânico quando se está num local fechado onde tem início um incêndio, ou numa situação de afogamento ou, ainda, em qualquer outra situação com eminente perigo de morte. O Pânico passa a ser identificado como patológico e por isso ganha o título de Transtorno do Pânico quando essa mesma reação acontece sem motivo, espontaneamente. Nas situações em que a própria vida está ameaçada o organismo toma medidas que normalmente não tomaria, perdendo o medo de pequenos perigos para livrar-se de um perigo maior. Para fugir de uma cobra podemos subir numa árvore mesmo tendo medo de altura ou então fazendo esforços incomuns numa determinada situação e sofrendo pequenos ferimentos que no momento não são percebidos. O estado de Pânico é, portanto uma reação normal e vantajosa para a autopreservação. Aqueles que fogem mais rapidamente do perigo de morte têm mais chances de sobreviver.

O diagnóstico do Transtorno ou Síndrome do Pânico possui critérios bem definidos. Não podemos classificar como Transtorno qualquer reação intensa de medo. Assim sendo, segui abaixo os critérios usados para se fazer este diagnóstico:

a) Existência de vários ataques de Pânico no período de semanas ou meses. Quando houve apenas um ataque é necessária a presença de significativa preocupação com a possibilidade de sofrer novos ataques ou com as consequências do primeiro ataque. Isto é demonstrado pela preocupação com doenças, intenção de ir ao médico e fazer exames, vontade de informar-se a respeito de manifestações de certas doenças;

b) Dentre vários sintomas pelo menos quatro dos seguintes devem estar presentes:

1- Aceleração da frequência cardíaca ou sensação de batimento desconfortável;

2- Sudorese difusa ou localizada (mãos ou pés);

3- Tremores finos nas mãos ou extremidades ou difusos em todo o corpo;

4- Sensação de sufocação ou dificuldade de respirar;

5- Sensação de desmaio iminente;

6- Dor ou desconforto no peito (o que leva muitas pessoas a acharem que estão tendo um ataque cardíaco);

7- Náusea ou desconforto abdominal;

8- Tonturas, instabilidade de equilíbrio e sensação de estar com a cabeça leve ou vazia;

9- Despersonalização* ou desrealização**;

10- Medo de enlouquecer ou de perder o auto controle;

11- Medo de morrer;

12- Alterações das sensações táteis, como sensação de dormências ou formigamento pelo corpo;

13- Enrubescimento ou ondas de calor e calafrios pelo corpo.

*A despersonalização é uma sensação comum nos estados ansiosos que pode surgir mesmo fora dos ataques de pânico. Caracteriza-se por dar a pessoa uma sensação de não ser ela mesma, como se estivesse saindo de dentro do próprio corpo e observando a si mesma.

**A desrealização é a sensação de que o mundo ou o ambiente em volta estão diferentes, como se fosse um sonho ou houvesse uma nuvem.
Essas duas sensações ocorrem em aproximadamente 70% da população geral, não significando como ocorrência isolada uma manifestação patológica.

c) Há substâncias que podem gerar reações de Pânico semelhante às dos estimulantes. Quando isso ocorre, não se pode dar o diagnóstico de Transtorno de Pânico. Outra situação onde também não se pode determinar este diagnóstico é quando o ataque de Pânico se dá em decorrência de outros estados ansiosos anteriores, como um ataque secundário causado pela exposição forçada de um indivíduo que sofre de fobia social, por exemplo.

Trinta a cinquenta porcento dos pacientes que sofrem Transtorno de Pânico, acabam sofrendo de Agorafobia. Isso ocorre porque geralmente a pessoa associa as crises de Pânico a determinadas situações ou ambientes e passa a evitá-los com medo que deflagrem novas crises. Por exemplo, sair de casa sozinho. Se algum dia o paciente saiu de casa a pé ou de carro e passou mal no trânsito, evita sair desacompanhado. Precisa sempre de alguém de confiança por perto. Mesmo dentro de casa, se teve um ataque de pânico, dormindo ou enquanto tomava banho, não consegue mais ficar sozinho.

A Agorafobia pode impedir o paciente de ir ao trabalho, ao médico e de comparecer a ocasiões especiais.  Toda essa dificuldade só é superada pela companhia de alguém conhecido. Ás vezes basta uma criança como companhia para o Agorafóbico sentir-se tranquilo. Por causa dessa necessidade, a Agorafobia interfere diretamente na dinâmica da família. Mesmo em casa, há pacientes que não toleram ficar sozinhos, precisando ou exigindo a presença de alguém.

A incidência do Transtorno do Pânico é duas vezes maior sobre as mulheres em relação aos homens. A idade de início concentra-se em torno dos trinta anos, mas podendo começar durante a infância ou a velhice. Entretanto, a mulher na faixa etária dos trinta anos é o grupo sobre o qual se observa maior incidência desse Transtorno.

O tratamento mais recomendado para o bloqueio das crises são os Psicofármacos. Os Antidepressivos de todos os grupos e os Ansiolíticos são eficazes no controle das crises. Atualmente, mediante a disponibilidade de vários Psicofármacos, dificilmente um paciente não melhora com algum tipo de medicação. A Terapia Cognitiva Comportamental (TCC) tem se mostrado eficaz para o tratamento, principalmente quando combinada ao tratamento medicamentoso feito por um Psiquiatra.