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Pânico

A característica essencial da Síndrome ou Transtorno de Pânico é a presença de Ataques de Pânico recorrentes e inesperados, seguidos por pelo menos  um mês de preocupação persistente acerca de ter um outro Ataque; preocupação acerca das possíveis implicações ou consequências dos Ataques; ou uma alteração comportamental significativa relacionada a esses Ataques. As Crises de Pânico são entendidas como intensas, repentinas e inesperadas, provocando sensações de mal estar físico e mental atrelado a um comportamento de fuga do local onde se encontra, seja indo para um pronto socorro, seja buscando ajuda de quem está próximo.

A reação de Pânico se torna uma reação normal quando existe uma situação que favoreça seu surgimento. Portanto, é normal sentir Pânico quando se está num local fechado onde tem início um incêndio, ou numa situação de afogamento ou, ainda, em qualquer outra situação com eminente perigo de morte. O Pânico passa a ser identificado como patológico e por isso ganha o título de Transtorno do Pânico quando essa mesma reação acontece sem motivo, espontaneamente. Nas situações em que a própria vida está ameaçada o organismo toma medidas que normalmente não tomaria, perdendo o medo de pequenos perigos para livrar-se de um perigo maior. Para fugir de uma cobra podemos subir numa árvore mesmo tendo medo de altura ou então fazendo esforços incomuns numa determinada situação e sofrendo pequenos ferimentos que no momento não são percebidos. O estado de Pânico é, portanto uma reação normal e vantajosa para a autopreservação. Aqueles que fogem mais rapidamente do perigo de morte têm mais chances de sobreviver.

O diagnóstico do Transtorno ou Síndrome do Pânico possui critérios bem definidos. Não podemos classificar como Transtorno qualquer reação intensa de medo. Assim sendo, segui abaixo os critérios usados para se fazer este diagnóstico:

a) Existência de vários ataques de Pânico no período de semanas ou meses. Quando houve apenas um ataque é necessária a presença de significativa preocupação com a possibilidade de sofrer novos ataques ou com as consequências do primeiro ataque. Isto é demonstrado pela preocupação com doenças, intenção de ir ao médico e fazer exames, vontade de informar-se a respeito de manifestações de certas doenças;

b) Dentre vários sintomas pelo menos quatro dos seguintes devem estar presentes:

1- Aceleração da frequência cardíaca ou sensação de batimento desconfortável;

2- Sudorese difusa ou localizada (mãos ou pés);

3- Tremores finos nas mãos ou extremidades ou difusos em todo o corpo;

4- Sensação de sufocação ou dificuldade de respirar;

5- Sensação de desmaio iminente;

6- Dor ou desconforto no peito (o que leva muitas pessoas a acharem que estão tendo um ataque cardíaco);

7- Náusea ou desconforto abdominal;

8- Tonturas, instabilidade de equilíbrio e sensação de estar com a cabeça leve ou vazia;

9- Despersonalização* ou desrealização**;

10- Medo de enlouquecer ou de perder o auto controle;

11- Medo de morrer;

12- Alterações das sensações táteis, como sensação de dormências ou formigamento pelo corpo;

13- Enrubescimento ou ondas de calor e calafrios pelo corpo.

*A despersonalização é uma sensação comum nos estados ansiosos que pode surgir mesmo fora dos ataques de pânico. Caracteriza-se por dar a pessoa uma sensação de não ser ela mesma, como se estivesse saindo de dentro do próprio corpo e observando a si mesma.

**A desrealização é a sensação de que o mundo ou o ambiente em volta estão diferentes, como se fosse um sonho ou houvesse uma nuvem.
Essas duas sensações ocorrem em aproximadamente 70% da população geral, não significando como ocorrência isolada uma manifestação patológica.

c) Há substâncias que podem gerar reações de Pânico semelhante às dos estimulantes. Quando isso ocorre, não se pode dar o diagnóstico de Transtorno de Pânico. Outra situação onde também não se pode determinar este diagnóstico é quando o ataque de Pânico se dá em decorrência de outros estados ansiosos anteriores, como um ataque secundário causado pela exposição forçada de um indivíduo que sofre de fobia social, por exemplo.

Trinta a cinquenta porcento dos pacientes que sofrem Transtorno de Pânico, acabam sofrendo de Agorafobia. Isso ocorre porque geralmente a pessoa associa as crises de Pânico a determinadas situações ou ambientes e passa a evitá-los com medo que deflagrem novas crises. Por exemplo, sair de casa sozinho. Se algum dia o paciente saiu de casa a pé ou de carro e passou mal no trânsito, evita sair desacompanhado. Precisa sempre de alguém de confiança por perto. Mesmo dentro de casa, se teve um ataque de pânico, dormindo ou enquanto tomava banho, não consegue mais ficar sozinho.

A Agorafobia pode impedir o paciente de ir ao trabalho, ao médico e de comparecer a ocasiões especiais.  Toda essa dificuldade só é superada pela companhia de alguém conhecido. Ás vezes basta uma criança como companhia para o Agorafóbico sentir-se tranquilo. Por causa dessa necessidade, a Agorafobia interfere diretamente na dinâmica da família. Mesmo em casa, há pacientes que não toleram ficar sozinhos, precisando ou exigindo a presença de alguém.

A incidência do Transtorno do Pânico é duas vezes maior sobre as mulheres em relação aos homens. A idade de início concentra-se em torno dos trinta anos, mas podendo começar durante a infância ou a velhice. Entretanto, a mulher na faixa etária dos trinta anos é o grupo sobre o qual se observa maior incidência desse Transtorno.

O tratamento mais recomendado para o bloqueio das crises são os Psicofármacos. Os Antidepressivos de todos os grupos e os Ansiolíticos são eficazes no controle das crises. Atualmente, mediante a disponibilidade de vários Psicofármacos, dificilmente um paciente não melhora com algum tipo de medicação. A Terapia Cognitiva Comportamental (TCC) tem se mostrado eficaz para o tratamento, principalmente quando combinada ao tratamento medicamentoso feito por um Psiquiatra.